Gabriel Patrocínio nasceu em Juiz de Fora, interior de Minas Gerais. Doutorando em Artes Visuais, atualmente mora em Lisboa, Portugal, onde desenvolve pesquisas sobre design de interfaces em plataformas educativas utilizando a metodologia de gamificação. Além disso, o designer possui os projetos Pôster Minimalista, que são ilustrações minimalistas relacionadas à cultura pop, e o TugaZuca, um dicionário visual que trata diferenciações e semelhanças entre a língua portuguesa de Portugal e a do Brasil. O MAOB conversou com o Gabriel sobre o trabalho artístico na área do design e sobre o seu trabalho, confira abaixo:
O que as pessoas procuram no trabalho do designer gráfico?
A responsabilidade do designer gráfico é conduzir o projeto com as ferramentas e conhecimento adquirido, por meio de uma metodologia para atender as necessidades do produto, seja ele qual for, dentro do espectro da profissão. As pessoas se aproximam do design, como uma possibilidade de potencializar ideias em soluções adequadas e alcançar outros patamares mercadológicos para seu produto.
Como começou o seu interesse pelo design? Você pode comentar um pouco sobre as experiências mais significativas da sua trajetória no que diz respeito à formação e aprimoramento?
Por incentivo dos familiares e professores, sempre tive contato com o universo criativo. Quando ganhei meu primeiro computador, tive a oportunidade de explorar as ferramentas de desenhos digitais e por lá expandi as possibilidades de criação, mesmo de forma amadora e despretensiosa. Fui presenteado com alguns livros, apostilas e vídeo aulas sobre softwares e tive contato com a terminologia design e todas suas vertentes de atuação. Um pouco mais velho, procurei materiais que suprisse as lacunas teóricas que procurava para entender melhor sobre a profissão, que até o momento me encantava pelos exemplos que encontrava. Aprendi muito com as referências que colhi durante minha fase antes de ingressar na universidade, mas de maneira autodidata e com as informações que eu tinha ao meu alcance naquele momento. Quando cursei a graduação, consegui ampliar meu raio de pesquisa para colher outras referências, não apenas no design, mas áreas que tangem tudo aquilo que permeia no campo criativo projetual, artístico, funcional, comunicativo, entre outros.
O que você pode nos contar sobre a sua experiência no ramo do design enquanto trabalhador? Como você enxerga o seu trabalho?
As pessoas entendem muito mais a importância de ter alguém conduzindo o produto por uma matriz criativa e funcional necessária para o projeto. Isso pode se manifestar de diferentes maneiras, visual, sensorial, tátil, psicológica, entre outras, quando se pensa em executar uma ideia. Enxergo o trabalho do design, de maneira geral, como o fio condutor de um projeto que visa melhoria dos aspectos funcionais, ergonómicos, visuais, de modo a atender as necessidades do usuário. Particularmente uma das minhas maiores paixões do universo criativo e artístico no geral, é a possibilidade de contar histórias. O design vem como um poderoso meio de contar histórias, visando outros patamares do produto e conquistando novas perspectivas que faz parte da intenção inicial do projeto. Me encanta a possibilidade de transformar ideias e conceitos em um produto que atende as demandas do solicitante, e submetendo a um processo de pesquisa e incansáveis rascunhos, e finalizando em algo totalmente palpável que resultará em alguma melhoria em um aspecto social.
Você pode comentar um pouco sobre o seu processo de criação? Como você percebe e utiliza de elementos da arte em seu trabalho?
Hoje em dia só consigo enxergar a diferença entre arte e design após pesquisar e estudar sobre as áreas. O design é uma linha de pensamento e atuação que vai de encontro com diversas áreas, inclusive das artes. É inevitável utilizar os elementos das artes, principalmente no meu caso, as artes visuais, para criar meus produtos. Explorar formas, cores, composição e utilizar toda a linguagem gráfica para contar histórias e propulsar ideias, são algo recorrente e enraizado em meu processo criativo. Entender que as artes, digo em uma esfera macro, música, teatro, cinema, animação, são os produtos finais que outrora fora uma ideia abstrata. Um dos produtos mais ricos no inicio da minha trajetória, que utilizo até hoje, é consumir materiais relacionados ao processo criativo, seja assistir a um making off, ouvir ou ler entrevistas de artistas, sempre relacionado ao que acontece durante a fase inicial de idealização, e a final, que é o artefato apresentado. O meu processo de criação permeia entre absorver o máximo de informações disponíveis sobre a principal questão ou objetivo do projeto. A partir disso, busco as ideias abstratas e insiro em um contexto plausível para a execução, que seja pertinente para suprir aquela questão, utilizando os recursos mais adequados, para equilibrar principalmente duas vertentes: a funcionalidade e a representação gráfica. Em minha perspectiva, o produto final mesmo pronto, não deve ser jamais abandonado. Deve ser sempre revisitado para entender que aquele produto ainda faz sentido à questão, ou se novas questões surgiram e necessita de novas propostas e atualizações da linguagem, não necessariamente um novo produto sucateado, mas sim uma nova abordagem que será necessária a intervenção em um nível menor ou maior, dependendo do contexto apresentado.
Sobre o entrevistador:
Francisco Faulhaber é é professor de arte e filosofia e coordenador de pesquisa do Museu de Artes e Ofícios Bodoque de Juiz de Fora.